EsporteTotal
Seu Site de Esporte

Tragédia no Ninho do Urubu: absolvição de réus por incêndio que matou dez jovens choca o país e reacende debate sobre impunidade

O Brasil amanheceu perplexo nesta quarta-feira (22) diante da notícia da absolvição dos réus no caso do incêndio do Ninho do Urubu, ocorrido em fevereiro de 2019, que tirou a vida de dez adolescentes da base do Flamengo. A decisão judicial reacendeu a dor de familiares e trouxe à tona o debate sobre impunidade e responsabilidade em tragédias que poderiam ter sido evitadas.

O incêndio, que destruiu o alojamento onde dormiam jogadores das categorias de base do clube, matou dez jovens com idades entre 14 e 16 anos, meninos que sonhavam em seguir carreira no futebol e vestir a camisa profissional do Flamengo. A perícia apontou que o fogo começou em um ar-condicionado com ligação irregular, dentro de contêineres adaptados como dormitórios, estrutura que já havia sido classificada por autoridades como imprópria e perigosa.

Desde maio de 2018, o centro de treinamento acumulava 31 multas aplicadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Dessas, apenas dez foram pagas, e nenhuma medida efetiva foi tomada para corrigir as irregularidades que representavam risco à vida dos jovens atletas.

Na sentença, o tribunal concluiu que não havia provas suficientes para responsabilizar os dirigentes e funcionários denunciados. A decisão revoltou familiares das vítimas, que aguardavam justiça há mais de seis anos. “Mataram nossos filhos duas vezes. Primeiro com o fogo, agora com a caneta”, desabafou um dos pais em frente ao fórum, emocionado.

Nas redes sociais, a repercussão foi imediata. Jornalistas, torcedores e personalidades de diferentes áreas expressaram indignação com o desfecho. “Dez crianças morreram num contêiner ilegal, e ninguém é responsável. O Brasil falhou com elas”, escreveu um comentarista esportivo.

Ministério Público do Rio de Janeiro anunciou que vai recorrer da decisão. Procuradores afirmam que há evidências suficientes de negligência e omissão na manutenção e regularização do alojamento, e que pretendem buscar a anulação da sentença em instâncias superiores.

No âmbito civil, o Flamengo já havia firmado acordos de indenização com parte das famílias das vítimas, mas o clube ainda responde a processos por danos morais e materiais. Especialistas em direito esportivo e penal afirmam que a absolvição criminal não impede novas responsabilizações administrativas ou civis, especialmente se comprovadas falhas institucionais.

A decisão também provocou reações no meio político. Parlamentares e entidades ligadas aos direitos da criança e do adolescente cobraram uma revisão urgente nas normas de segurança em centros de treinamento esportivo. O episódio, que ficou conhecido como uma das maiores tragédias da história do futebol brasileiro, expõe fragilidades estruturais e a dificuldade de responsabilizar dirigentes em grandes clubes.

Seis anos após o incêndio, as famílias dos dez meninos ainda esperam o que chamam de “a verdadeira justiça”: o reconhecimento de que vidas foram perdidas por descuido e que ninguém deveria dormir tranquilo depois de uma tragédia como aquela.

ANUNCIE AQUI

Seu negócio em destaque

728x90 PIXELS
Espaço Publicitário